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Justiça social não é o coração da Fé Cristã

O conceito de justiça social não é novo, mas tem sido cada vez mais disseminado, em
especial nas últimas décadas, e aparece cada vez mais como um elemento central da
Igreja, marcado por uma preocupação por justiça social e igualdade.

Ninguém sabe muito bem definir ao certo e por completo o que é “justiça social” pois o
conceito tem uma construção claramente filosófica, cultural e política baseada num
leque diversificado de assuntos do espectro económico e social, como a busca de
equilíbrio entre partes desiguais, ações a favor dos mais pobres, mais fracos ou
minorias, direitos das mulheres, luta contra o racismo ou contra estruturas opressoras da
sociedade, etc.

O que devemos afirmar sem rodeios e em nome da chamada honestidade intelectual é
que o conceito da justiça social é um dos frutos da influência do pensamento dos
filósofos alemães Karl Marx e Friedrich Engels, é influído por pressupostos marxistas, e
para mim é claro que ser crente e marxista é totalmente incompatível e impossível.

Como arautos devemos estar conscientes e alertar para o enorme perigo da entrada de
pensamentos marxistas na Igreja, pensamentos estes que ganham espaço e adeptos no
campo evangélico através da teologia de libertação ou da de missão integral – nenhuma
delas passiva ou inofensiva, mas ambas capazes de mudar a nossa forma de pensar e
logo, a nossa forma de agir.

Contudo não quero com isto dizer que não haja aspetos positivos na consciencialização
das diferenças sociais como o combate à exploração de povos ou a denúncia da
opressão, mas o problema principal é que na preocupação por justiça social o Evangelho
passa para segundo plano e a justiça social torna-se o coração da fé cristã.

O que trágica e lamentavelmente assistimos na Igreja é o iniciar da uma maneira de
pensar e de agir a partir da cultura que a rodeia e depois o encontrar de alguns textos
bíblicos que se enquadrem nesses pressupostos culturais – o que os teólogos chamam de
privilegiar a aplicação sobre a explicação.

Como cristãos, devemos de estar profundamente preocupados que pensamentos
determinados pela cultura estejam a sobrepor-se ao Evangelho, o que traz como
consequência que, em nome da preocupação por “justiça social”, as Escrituras estejam a
ser de tal forma deturpadas que chegam ao ponto de desvirtuarem e comprometerem o
que a Palavra de Deus ensina sobre sexualidade, raça, masculinidade, feminilidade, etc.

Historicamente o cristianismo autêntico sempre estendeu a mão aos necessitados, no
atendimento aos pobres, estrangeiros e viúvas, na criação de orfanatos, bancos
alimentares, escolas públicas e hospitais, mas nunca abandonou a verdade, como muitos
estão a fazer; cristãos que deixam de falar contra o aborto ou abraçam esta prática,
defendem a homossexualidade, a nomeação de pastoras nas igrejas locais, entre outras
tomadas de decisão em nome da “justiça social”.

Se “justiça social” é basicamente a busca do bem comum podemos admitir que qualquer
um, seja ateu, budista, muçulmano ou cristão o pode buscar e praticar.

No cristão, a preocupação pelo bem comum de todos os Homens é uma consequência
natural do cristianismo autêntico e é apenas conseguido na encarnação da Verdade no
carácter, na mensagem e nos métodos de Jesus Cristo.

A grande diferença entre um cristão e um não cristão é que nós não temos apenas uma
missão, mas temos o cuidado de fazer tudo conforme Deus quer, a nossa teologia não é
apenas a aquisição de conhecimento correto, mas a aplicação correta do mesmo.

Como tal, a maior necessidade da Igreja não é envolver-se nas questões de justiça
social, mas sim viver autenticamente o cristianismo; um erro comum neste
envolvimento exacerbado é exagerar o que a Bíblia diz sobre o pobre, o estrangeiro e a
justiça _ o pobre, o estrangeiro e a justiça não são o principal assunto da história da
Bíblia, Jesus Cristo é.

A realidade é que a pior miséria do Homem é a miséria da alma, a sua necessidade
maior é, por isso, o Evangelho, é Jesus Cristo, é O Salvador; o mais importante é
redimir o coração dos homens e redirecioná-los para Deus!

A pregação das Escrituras, da Verdade e do Evangelho é que é vital para a saúde da
Igreja e para todos os homens e mulheres, o problema do ativismo dos defensores por
justiça social é que o Evangelho tem passado para segundo plano e isso é inaceitável, o
Evangelho é o fundamento do cristianismo.

Sejamos centrados no Evangelho, ele não é português ou brasileiro, ele não é de direita
ou de esquerda, ele é acima de tudo e acima de todos.

“O Evangelho nunca é o hospede de qualquer cultura, sempre é o seu juiz e redentor.”
H. Richard Niebuhr (1894-1962)

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